De carona pelo mundo

Sua viagem por aplicativo pode atravessar fronteiras.

Eu nunca poderia imaginar que um simples aplicativo pudesse me oferecer uma volta ao mundo e bastou eu sentar no banco do carona. São destes milagres que a comunicação 4.0 pode nos proporciona. Eu resolvi embarcar nesta viagem infinita de boas histórias e maravilhosas conexões. E em cada trajeto que embarcava em um carro vinha a surpresa, passei a imaginar quem seria o próximo motorista. Qual seria o seu país pelo nome? Por que tinha saído de sua terra natal? E o que havia encontrado nos Estados Unidos? A curiosidade jornalística ia somente crescendo. Convido você para esta viagem, pronto? Vamos nesta?

A Venezuela esteve em evidência no começo deste ano, e ouvir de um cidadão é um impacto muito maior. Está em terras americanas há três anos como exilado político. Era advogado em seu país e tinha uma vida estabilizada, nunca imaginou que se mudaria repentinamente para lavar pratos. A crise deixou sua família em más condições e largou sua esposa para tentar uma solução. Hoje trabalha 18h por dia, num restaurante italiano e com o aplicativo, consegue faturar nos dois empregos em torno de U$ 19,00 por hora. Precisa mandar muito dinheiro à Venezuela, pois a inflação é muito alta e os preços para alimentos são absurdos. Uma caixa de ovo e um quilo de farinha são mais caros do que um salário mínimo. Reclama da solidão e da falta de amigos e agradece poder ajudar a sua família a sobreviver.

Mali é o sétimo maior país africano e fiquei o conhecendo melhor. Ele já é um motorista conhecido, nos encontramos em outras oportunidades e a cada ano o vejo melhor. Mora há anos nos Estados Unidos e conquistou casa própria, tem um carro incrível, três filhos e escuta o tempo inteiro a rádio de seu país natal pela internet. A internet revolucionou o seu trabalho e o seu contato com os clientes.

Fui passar o final de semana em Boston e a minha divertida peregrinação seguiu. Próxima parada Republica Dominicana e com direito a repertório nativo, fomos embalados pelo ritmo da Bachata, em uma rádio on-line. Um jovem que vive há nove anos na cidade e que sonha fazer universidade. Foi um rápida parada no Haiti, que evitou conversar, somente me contou que estava há sete anos e lembrou da missão brasileira em seu país.

Eis que no dia seguinte surge um jovem falante de Cabo Verde, este fala português, e com o seus cabelos novos estava radiante a contar que está na cidade desde criança e que estuda na Boston College. Reveza o carro com a mãe e o irmão. Seu pai não quis mudar-se e continua a cuidar do mercadinho da família. E a festa foi feita com um simpático motorista de Barbados, uma ilha no Caribe Oriental, ele perguntou sobre todos no carro e contou sua vida nestes 15 anos em terras americanas e sobre seu filho de 11 anos. Foram boas risadas, mais dele do que nossas. Ele também sabe do Brasil e da prisão de um presidente, disse que acompanha na Internet.

E entra em campo o embaixador da maior torcida do Flamengo, Fla USA Né, fora do Brasil, é Brasil em campo! E a troca de bola foi ótima. Ele contou que veio para Boston há 23 anos. É chefe de cozinha na universidade e estava usando o aplicativo para fazer um grana extra enquanto as aulas não eram retomadas, o semestre começa em setembro, após o verão. Tem um casal de filhos e sem qualquer chance de voltar a viver no país de origem.

E finalmente embarco em um carro conduzido por um americano. Aposentado e diz gostar de dirigir para estar com as pessoas e foi o único a oferecer umas balinhas! E logo em seguida aporto em Marrocos. O papo ruma para a política do Brasil. Conhece o atual presidente e o admira, sim ele é fã também do atual presidente Donald Trump.

E por último um motorista do Congo, bancou o engraçadinho, e fui salva pela tecnologia. Antes de seu irmão ligar por uma rede social da Califórnia, me perguntou se Luna estava preso ainda. Eu respondi que Luna não, mas o Lula sim. E sua mãe ligou, logo em seguida, do Congo. A conversa foi toda no dialeto deles.

Se cheguei ao meu destino? Sim e com muito mais do que uma simples condução de aplicativo. A maioria dos motoristas usa o aplicativo para completar a renda ou para fazer um dinheiro extra com algum objetivo específico. Desembarquei cheia de boas histórias para contar. E você, costuma conversar com os motoristas de aplicativos? Conte para mim uma boa história nos comentários! Até o próximo post com mais algumas aventuras na terra do tio Sam.

Beijos,

1 comentário em “De carona pelo mundo”

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