Um olhar sobre a Colaboração

A colaboração está disseminada por todos os lugares, basta olhar com cuidado

Em meu último post, refleti sobre como a inovação está nos detalhes. Nesse momento, continuo a reflexão sobre esses detalhes, agora relacionando com o tema da colaboração.

A colaboração está disseminada por todos os lugares, basta olhar com cuidado. Assim, posso dizer, de um modo pessoal simplista, que é como um senso de coletividade misturado com confiança espalhado por aí. São modos de relacionamento (mais) horizontais que nos permitem pensar em soluções diferentes, compartilhar ideias e refletir sobre o lugar da competição exagerada e o da cooperação nas nossas relações. Em um mundo conectado em tempo real, novas tecnologias e cheio de questões complexas, a colaboração é uma competência para pensarmos e agirmos no século XXI.

Pensando em exemplos

Algo que me chamou muito a atenção no Japão, tanto pela fofura quanto pela ideia, foi flagrar, enquanto caminhava pelas ruas, os passeios das crianças das creches. Passeios diários para as pequenas turmas que iam muitas vezes visitar algum parque na cidade. Não posso mensurar como era bonitinho vê-los caminhando ou indo em carrinhos coletivos para o local das brincadeiras da manhã com seus chapéus coloridos. Passeando, pegando sol, conversando, mas também respeitando as professoras e coleguinhas, esperando para atravessar na faixa, se o caminho exigisse, e brincando no parquinho.

Uma tradução desse momento, poderia ser a própria cidade dizendo: “Ei, vocês! Vocês podem usar o espaço público!” e, em contrapartida falando também, “Cuidem bem desse espaço”. Achei, realmente, interessante olhar dessa perspectiva onde a cidade “fala”, onde há um planejamento urbano que colabora com o encontro das pessoas e torna o espaço público, um espaço querido e cuidado, desde a infância.

Sei que aqui no Brasil existem também passeios assim. Entretanto, o que me chamou a atenção foi a quantidade de pequenos passeios diários que eu pude ver. Fazia parte sempre sair de um ambiente fechado, seja público ou privado, para ir curtir parte do dia em um local compartilhado. Ou seja, uma escola pode ter muitos ambientes agradáveis ao aprendizado, mas ela não é uma “ilha”, ela se conecta de forma colaborativa com a cidade.

Assim, olhando para este caso, podemos pensar em diversas outras possibilidades de ações colaborativas dispersas pelo nosso ambiente. Por exemplo: como a universidade pode atuar com a sociedade, como museus e jardins recebem projetos culturais, artísticos e científicos. Pensamos também no modo como vivenciamos nossas próprias redes profissionais e pessoais. 

Um outro olhar

Artigo: um olhar sobre a colaboração - Colaborativa tecnologia

Porque aguçar o olhar para a colaboração é tão importante quanto aguçar para ações pouco ou não colaborativas. Isso porque esse exercício faz com que tenhamos uma visão crítica sobre o que se passa ao nosso redor, tornando-nos pessoas ativas em relação ao nosso meio. 

Um exemplo interessante é a disposição arquitetônica de salas de aulas que carregam uma ideia tradicional de educação. Professores no tablado ou quase em um palanque, mesas e cadeiras fixas (sim, já vi isso). Formato que impede o arranjo de diferentes formas no espaço e que alunos ficam dispostos em fileiras uns atrás dos outros. 

A mensagem de hierarquia e de pouca colaboração é clara nesse tipo de ambiente. Assim, a sensação de passividade para os estudantes é enorme. Talvez esse tipo de configuração se aplique a alguns objetivos, mas para uma sociedade que busca cada vez mais a criatividade, colaboração e inovação, sentimos a necessidade de outras maneiras de aprender e agir. 

Reflexões

Quando se trata de certos valores, como a colaboração, podemos sentir e entender a mensagem que está sendo passada, seja pela cidade, pelas instituições ou pelos indivíduos. Os exemplos que dei são apenas alguns dos muitos que podemos ter ao ver com olhar crítico aquilo que é tão cotidiano. 

Podemos começar a refletir sobre:

  • Como criamos ambientes/projetos colaborativos?
  • Como usamos ferramentas nesse processo?

E, por consequência, podemos pensar também na nossa relação com a coletividade, com o individualismo, com nossas crenças, preconceitos e (des)confianças. 

Espero que este texto tenha ajudado a compartilhar um novo olhar sobre a colaboração e termino com uma última indagação: Quais atitudes você toma no dia a dia em rumo aos valores colaborativos que acredita?

4 comentários em “Um olhar sobre a Colaboração”

  1. Adorei seu post, Bia!
    Em Paris, há muitos anos, também me encantei com o mesmo cenários das crianças no museu e como desde de cedo a criatividade era aguçada!
    Beijos,
    Liane

    1. Obrigada, Liane! Sim, acho o máximo o incentivo à criatividade… é ótimo e um diferencial ter esse estímulo desde muito cedo!
      Beijo!

  2. Gostei muito da reflexão.Temos muito o que pensar sobre trabalhar de forma colaborativa. E também sobre como usar isto na educação. É um assunto importante a ser debatido entre arquitetos, que atuam em um ambiente multidisciplinar o tempo todo. E também, sob o aspecto urbanístico, ou seja, como a cidade pode incentivar o convívio e a prática colaborativa.

    1. Olá, Ana Cristina, muito obrigada pelo seu comentário! Fico feliz que tenha gostado do texto… São muitas as reflexões e acredito que arquitetos, engenheiros, designers, enfim, todos que projetam (formal ou informalmente) têm seu papel e contribuição nessas questões. Obrigada pelo Feedback!

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